Quando eu era criança, meu pai nos levava para passarmos os finais de semana e alguns dias de férias em uma casa tosca em meio à Serra do Mar, na cidade de Morretes, região litorânea  do Paraná. Essa casa ficava à beira do Rio Nhundiaquara, importante via fluvial para o comércio local.

A casa era feita de troncos de árvores caiados de branco e o chão era de barro batido; duas peças compunham a casinha: quarto e cozinha. Essa última tinha todo um charme, pois a lenha crepitava tranquila e lenta num fogão feito de pedras e barro, enquanto as suas três janelas davam para a linda e imponente Serra do Mar. Panelas e chaleiras de ferro, já enferrujadas e nunca usadas por nós, davam um toque todo especial numa prateleira sobre o fogão; certamente deveriam ser a casa de alguma aranha... 

Por volta das 18 h minha avó passava um café no coador de pano, coisa que exalava um aroma maravilhoso ao redor da casinha. Eu, menino de seus 7 ou 8 anos, pegava uma canequinha esmaltada e colocava um pouco de café na mesma. Pegava uma vela branca e uma paçoca de amendoim  e me dirigia à beira do rio para acender a vela sobre uma pedra e colocar o café e a paçoca ao lado... alí eu ficava, sentado em uma pedra banhando os meus pezinhos até começar a cair a noite; voltava para  casa dizendo que tinha estado com Pai João; e assim fiz até que não mais fomos para aquela casa...

Hoje não lembro o que acontecia naqueles instantes em que eu estava à beira do rio; não sei se eu ficava rezando, ou se eu conversava com alguém... mas sei que Pai João estava lá e até hoje me acompanha em todos os momentos da vida. 

Saravá, Pai João de Aruanda!

Saravá todos os Pretos Velhos!

Saravá todas as Pretas Velhas!

Gratidão infinita por toda orientação que recebemos desses lindos e amorosos Espíritos!

Adorei as Almas!!!

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Pai Marlus de Ogum

Teólogo Espírita